UMA VISITA A SABRINA CAMPOS, UMA DAS PRIMEIRAS YALORIXÁS TRANS DO BRASIL
Por André Fidelis
Nós, do Coletivo Força Tururu, fomos convidados
pela Ong Cordel Vida, de João Pessoa – PB, para gravar e editar um
vídeo de uma personagem drag queen, a Betty Biá, que tem um canal no
youtube (https://www.youtube.com/watch?v=-rOx8i0Je7M) e um
perfil no instagram (https://www.instagram.com/dragbettybia/) onde traz temas
sobre saúde e direitos humanos.
Nesta oportunidade, o tema do vídeo que
fomos convidados para desenvolver este trabalho é sobre o uso de silicone
industrial por mulheres trans. No decorrer do vídeo, Betty traz
diversos alertas e informações importantes acerca do tema. Entre uma fala e
outra tem o depoimento de Sabrina Campos, que fez uso deste tipo de
“procedimento” para “delinear” partes do corpo e deixar da maneira como ela se
sentiria bem.
É ai, que mais uma vez, a gente para e
reflete o quanto é importante o trabalho de comunicação popular e comunitária,
os aprendizados adquiridos com simples ações que traz reflexões de vida
importante. Fomos até a casa de Sabrina, que, aliás, fica em um Terreiro de
Jurema, na cidade de Bayeux, Região Metropolitana de João Pessoa.
Sabrina se orgulha – e tem que se
orgulhar mesmo – de ser a primeira yalorixá trans do Estado da Paraíba e de ter
recebido, recentemente, uma equipe da TV Globo para gravar uma matéria. Diz que
conheceu Letícia Sabatella, atriz global e falou que ela é uma
pessoa bastante humilda e respeitosa.
A ideia era, e foi assim, falar sobre a
sua experiência com o uso do silicone industrial, o que tem lhe causado vários
danos a sua saúde, mas acabamos falando sobre muitas coisas de sua vida, de
como ela aprendeu a primeiro se sentir bem, se orgulhar de quem é acima de
tudo. Conhecemos todo o Terreiro, a sua casa, onde ela nos mostrou com muito
carinho.
Um dos nossos integrantes falou que
queria fazer um documentário só sobre ela, foi quando, mais
uma vez, dentre tantas vezes durante o tempo que ficamos lá, seu sorriso
apareceu e ela ficou bastante interessada, pois é uma vida de resiliência, de
resistência!
Este texto inicialmente era só para
falar sobre silicone industrial, mas acabou sendo para dizer o quanto foi
importante essa experiência para nós, do Coletivo Força Tururu, de que vidas
trans importam.
Sobre especificamente com relação ao
silicone industrial, hoje ela vem passando sérios problemas de saúde, pois o
deslocamento do produto pelo corpo tem causado inflamações que tem afetado a
sua visão e ossos, por exemplo.
Ela já foi em diversos médicos, que
pouco lhe ajudaram no processo de reabilitação e melhora, ela diz que não se
arrepende do que fez, talvez mais tarde, quando ficar mais velha se o silicone
lhe prejudicar ainda mais, mas por enquanto foi com o uso do produto que ela se
sentiu reconhecida como mulher! Porém ela diz hoje que, o mais importante no fundo
é ela primeiro se aceitar, como pessoa linda que é e pouco se importar com a
opinião alheia.
Se você quiser ver o vídeo completo
desta matéria espera só um pouquinho que irá sair nos canais das Betty Biá.
Comentários
Postar um comentário