A grande mídia segrega, aliena e estigmatiza


Quantas vezes a mídia foi na sua comunidade para fazer uma matéria? Ok, vamos reformular melhor a pergunta: quantas vezes a mídia foi na sua comunidade fazer matérias sensacionalistas relacionadas a crime ou a baixarias? Você não acha estranho isso?  Quem detém o poder da comunicação no nosso país a usa para estigmatizar aqueles e aquelas que mais precisam de vez e voz. Estamos fadados a pouco espaço na imprensa mesmo que a Constituição garante a comunicação para todos e todas.

A Constituição Federal, ainda nos diz mais:

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

No papel é isso, mas na prática ocorre totalmente diferente: participação popular quase inexistente, a regionalização é precária, apenas com programas jornalísticos com pouca influência na cultura popular ou policialescos, numa comunicação feita de baixo pra cima, rica em sensacionalismo e unilateralização das opiniões, etc.

A estratégia dos programas policialescos, por exemplo, parte da ideia de que quando as pessoas se veem na televisão, gera identificação e gerando identificação automaticamente elas vão querer assistir o programa. E como fazem isso? É só vincular uma rua, ou pessoas das comunidades à homicídios, brigas entre amigos e, ou famílias, entre outros meios.  Quem nunca assistiu, por exemplo, uma matéria neste tipo de jornalixo que você conhecia as mulheres que se insultavam? Ou quem não ficou sabendo de um homicidio que ocorreu na comunidade e virou manchete? Tudo isso faz com que as pessoas corram para as telinhas a fim de ver o “babado”.

Falando especificamente no micro, da comunidade do Tururu*, as duas últimas vezes que a mídia hegemônica esteve no nosso bairro foi para “cobrir” um assalto que ocorreu feito por pessoas montadas à cavalo e a segunda vez de uma “mega operação” das polícias que prendeu várias pessoas. Isso sim, vira notícia, mas as trocentas ações coletivas, de vida, de organização popular que ocorrem no Tururu não passam nem perto das matérias de jornais ou das reportagens de televisão.

A grande imprensa deve um pedido de desculpas, reparação e direito de resposta às comunidades pobres pelo tanto de estigmatização que causou às pessoas e ao bairro, influenciando diretamente na construção de preconceitos, revolta e representações sociais.  A comunicação popular e comunitária é o que faz o contraponto, mas, mesmo assim, não tem o alcance a visibilidade que a grande mídia possui, a internet diminuiu um pouco esta distância, mas ainda é pouco, as concessões de Tevê são públicas e como tal deveria estar à serviço da população. As rádios deveriam ser bens do povo, o direito de se comunicar é universal, mas quem só detém este serviço são os conglomerados midiáticos e as igrejas.

A imprensa no Brasil tem um projeto de poder que perdura há décadas, que está atrelada ao capital, mas que precisa do povo para sustentar sua audiência. Para isso cria oligopólios (proibido pela Constituição), faz matérias tendenciosas onde quem dita as regras é quem a paga (empresas), abre pouco espaço ao povo ou as vezes pseudo espaços e tem um poder de influência determinante nas concepções de pensamento e construção de ideias nas pessoas. Tudo é muito bem arquitetado para garantir o projeto de poder que a Imprensa possui.

Mas não se pode ficar apenas lamentando, lutar pela regulamentação da mídia, criar dispositivos de comunicação popular e comunitária, promover formação nas bases, construir espaços libertários devem ser postos em prática urgentemente, sistematicamente. Quando o povo se liberta e tira a venda que está em seus olhos tudo é visto de forma diferente, a nitidez adentra os olhos e chega no coração, chegando no coração o que vem depois é sentimento de luta e construções sociais participativas.  A gente vai vencer. Desacreditar, nunca!

Por Coletivo Força Tururu

* Tururu se localiza no bairro do Janga, que fica na Cidade do Paulista, região Metropolitana do Recife – PE.

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