Os Vikings marginalizados



A história, os fatos que serão relatados aqui pouco tem a ver com os Vikings da antiga região da Escandinávia que desbravaram os mares da Europa invadindo outros países e tornando-se piratas famosos.  Nem tão pouco se assemelha com a história do grande Viking Ragnar Lothbrok que conquistou a Bretanha no final do século VIII.
Dizem que os Vikings já nascem para morrer, sem medo da morte, tendo a batalha e a conquista dos mares e terras seu principal objetivo de vida. E se viessem a morrer sabiam que, segundo a mitologia Nórdica, entrariam, ou seriam recebidos, no grande ´Salão dos Mortos´ de Valhala e que lá continuaram batalhando todos os dias ao lado dos deuses.
        Os Vikings que este texto vos conta só se assemelham a estes da antiga Escandinávia, o fato de não terem medo da morte, foram quase que condenados a dor, atribuídos a estes seres que nascem para morrer a maior de todas as imperfeições humanas, o sofrimento, a existência do mal e a invisibilidade perversa.  Esse turbilhão de Crianças Vikings que desde cedo compartilham o mesmo teto de suas casas com brigas infinitas, são postos a inúmeras violações ao longo da vida, tem na rua sua principal professora e encontram desde cedo suas espadas que cospem fogo e chumbo e lhe acompanham até seu último suspiro de vida. Morrem cedo, jovens levados pelas Valquírias a Valhala.
        Esses Vikings de hoje não são loiros dos olhos azuis, nem muito menos vivem em barcos desbravando os mares. São na sua maioria negros, jovens e moradores de favela, expostos não mais a todo tipo de vento e frio, mas a todo tipo de tentações e humilhações que os querem puxar incansavelmente ao mundo do crime, a aprontar erros que são vistos aos olhos da sociedade como irreparáveis condenados eternamente a morte, mesmo que ainda não tenham morrido.
        Pobres desses Vikings de hoje, submetidos a tantas pressões, a tantas escárias psicológicas que a vida lhes dão, quando desde pequeno dividem o mesmo vão de casa e observam noite após noite os gemidos que sua mãe faz ao transar com seus padrastos; ou as surras constantes que lhe são marcadas nas costas, pernas, cabeça, corpo! Pobre desses Vikings que tem que trazer dinheiro pra casa cedo, porque é obrigação deles. Pobre desses Vikings que entram em batalhas cotidianas contra um sistema muito mais forte que e escravizador, onde suas chances de saírem vivos são mínimas, mesmo que ainda não tenham morrido.
Não há nada o que desbravar nesta perversidade do sistema, já foram julgados e condenados, não pelos deuses, mas pelos diabos.  Que Odin e Thor tenham piedade desses pobres Vikings marginalizados.
Por Coletivo Força Tururu
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