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Mostrando postagens de janeiro, 2017

A PRINCESA E O TRAFICANTE

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Ele possuía garras afiadas que não a deixavam respirar. Aonde quer que ela fosse tinha que dizer o lugar, a cada passo que dava precisava falar qual perna iria primeiro. A princesa passou a viver uma vida de restrições, que não era dela e sim um complemento dele. Certo dia chegando em casa, ele bateu em rosto, não se sabe qual o motivo e nem se havia motivos para se bater. Achava a princesa, ingenuamente, que tudo se resolvia na conversa. Por mais que ela tentasse, não sabia, não conseguia fugir, suas garras eram grandes e parecia as vezes que se sentia segura nesta prisão. Ele a batia, ela ficava toda doída, ele depois pedia desculpas, ela o desculpava, ficavam felizes, até a próxima tapa cara ou o próximo chute nas costas. Chamam isso de ciclo da violência. Soube a pouco tempo dessa história. A princesa achava estranho, via um monte de meninas se embelezando, cada uma querendo ser mulher de bandido. A oficial, né. Porque eles tem um monte, mas em quem ele bate mesmo, a que e

O ROLÊ DE CARLINHOS

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No sol de rachar do meio dia, o chão escalda sob as ruas de paralelepípedos da comunidade do Tururu. Dona Noêmia guarda seu burrinho para descansar um pouco e voltar ao batente depois do almoço, vendendo seus legumes, verduras, frutas e a famosa macaxeira papinha. Seu Antônio não mais descansa na cadeira de balanço do lado de fora do bar, espera pra final da tarde porque o calor ninguém mais aguenta.  Zezinho e Xandy não fecham as oficinas esperando os clientes do intervalo do trabalho para levarem suas bicicletas quebradas ou apenas para encher o pneu. A comunidade dá quase uma “meia parada”, pois “a lua” do meio dia, tá foda, a quentura faz suar todo o corpo e a vontade de dar um cochilo é eminente. Mas tem duas figurinhas que não tão nem ai pro calor, que não estão nem ai pra hora do almoço.  Lá de longe vindo da Avenida Floresta, pela rua São João Evangelista, mais precisamente de fronte a Assembleia de Deus, vem Carlinhos e seu amigo, ambos de seis anos de idade. Estão de

Retrospectiva 2016

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Desde que o Coletivo Força Tururu nasceu, este ano de 2016 foi o ano mais produtivo, o que a gente conseguiu fazer um tanto de coisas com objetivos bem definidos e articulados. E isso pra gente é muito gratificante porque conseguimos enxergar as diversas possibilidades com que podemos contribuir para um mundo melhor. De todas as coisas legais e profundas que fizemos este ano a mais importante delas foi lançar a campanha "Eu não quero ser o próximo" - contra violência e extermínio de jovens. Essa campanha só foi possível a partir de um edital que ganhamos financiado pela Ong Fase. Conseguimos também ao longo do ano facilitar palestras em universidades; apoiar lutas sociais em caminhadas, ocupações; propor oficinas para jovens; abrir inscrição para mais um curso de fotocomunicação na comunidade e acima de tudo inspirar mais gente a enxergar possibilidades de organização popular e luta em seu bairro. Balanço geral dos números: 318 postagens 25714 curtidas 2047 c