NOSSAS ESTRATEGIAS PARA A IMPRENSA NOS RESPEITAR





As comunidades são os alvos prediletos dos que destilam energias negativas, principalmente por quem compõe a mídia, que pouco deixam as pessoas serem reepresentadas nos seus espaços de comunicação, mesmo que esses espaços sejam concessões públicas. Daí uma mentira a mais uma mentira a menos com quem já está em estado de vulnerabilidade, pouco importa para aqueles que não tem coração e pouco se preocupam com a vida dos pobres. Marginalizar através do poderio comunicativos os bairros pobres, gera audiência.


Um exemplo concreto disso se faz presente com o processo de marginalização e estigmatização que as favelas sofreram e sofrem ao longo de décadas de vários setores da burguesia. Essa parte pequena da população, mas que tem o poder, só aparece na quebrada (em grande parte) para destilar suas matérias sensacionalistas, perversas e violentas. Foi pensando nisso que o Coletivo Força Tururu criou um roteiro sistemático de comunicação e valorização comunitária, onde colocou a pequena comunidade do Tururu, localizada na cidade do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, nas páginas dos jornais e nos canais de televisão, só que dessa vez não pelo caráter negativo sempre imposto aos mais pobres, mas pelo seu potencial de organização, que é infinitamente mais forte do que tudo. Mas para isso ocorrer foi necessário um processo de fortalecimento interno.


As estratégias usadas pelo Coletivo Força Tururu foram simples, porém eficazes: a primeira questão é identificar através de um processo de pesquisa e escuta ativa quais os anseios dos moradores da comunidade. Tendo esses dados em mãos (e no papel) é importante transformá-los em ação, tudo que eles enxergam como importante, dar visibilidade, seja pela organização de fanzines onde há participação deles e delas na construção, nas ideias, nas falas; na produção de vídeos, onde o povo tenha condições de se expressar e por fim conseguir fazer com que todo esse material volte à população, através de cineclubes, articulação com mídias sociais, impressão de informativos, etc. O trabalho central é dar visibilidade e empoderamento as pessoas.


É importante (re)afirmar que o Coletivo Força Tururu trabalha com comunicação popular e comunitária, sendo assim, todas as culminâncias formativas que se é proposto às pessoas deve ter um caminho que leve à comunicação participativa, porque a comunicação é um forte instrumento para o empoderamento. Um vídeo, por exemplo, que é produzido, deve ser massificado, deve chegar a grande imprensa, as Universidades, a outras ONG´s e movimentos sociais, e, obviamente, como já foi dito anteriormente, às pessoas que estão diretamente ligadas a ele.


Ações pontuais são sempre bem vindas, que vá gente, onde apareça um grande número de pessoas que discutam sobre um determinado tema. Em Maio de 2017, foi realizado no Tururu o ato “uma planta para cada vida”(ver em: https://www.youtube.com/watch?v=Qelk5uMr8_c&t=49s ) foi plantado uma muda de árvore para cada jovem que foi assassinado na comunidade, onde foi conseguido articular em torno de 250 pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos. E tudo isso sensibiliza, faz com que as pessoas passem a refletir corriqueiramente sobre o tema, aqui em questão, a violência, mas pode ser outros diversos. A ação pontual está dialogando com outras sistemáticas, linkadas à objetivos que fazem parte dos que promovem e dos que apenas participam.


Então esse acúmulo de ações faz gerar mídia, apresenta a comunidade para o cenário da comunicação mais elitizada, aquela que é intocável: dos rádios, jornais e televisões empresariais. A valorização comunitária tornou-se um ponto forte nessa estrategia montada pelo Coletivo Força Tururu. A bandeira de luta central do CFT é o “enfrentamento à violência e ao genocídio da juventude negra”, mas isso sem mostrar também a importância do “nosso lar” é solto, portanto, foi feito de igual forma um processo massivo de diálogo permanente com a comunidade e elaboração de estratégias, que passa principalmente pela elaboração de vídeos, como um vídeo clipe, cujo pode ser visto no link: https://www.youtube.com/watch?v=w8XmFDBgV38 (Tururu, minha comunidade).


Todo mundo (Universidades, jornais, mídia em geral, indivíduos, grupos, coletivos, entre outros) passaram a querer saber quem era o Coletivo Força Tururu, como conseguiram movimentar e fazer gerar uma musculatura robusta a partir de um processo de comunicação popular e comunitária tendo como frente do seu trabalho a valorização de seu espaço e uma bandeira de luta permanente.


Tudo isso que foi exposto aqui são apenas pequenos exemplos de um turbilhão de ações que são feitas em prol dessas perspectivas de luta citadas acima. Outro ponto crucial é que, obviamente, nenhum movimento ou comunidade pode ficar à mercê, à espera sempre da mídia tradicionalista, mesmo sabendo que é a obrigação dela mostrar a verdadeira realidade das comunidades, baseada na força de vontade das pessoas de mudarem suas vidas tão sofridas e não apenas relatar a versão violenta. Mas há que pressionar criando estratégias para que a mídia cumpra o seu papel e se impor também, para que ela saia da agenda sensacionalista e passe a uma agenda participativa, crítica e fundamentada.


Com todo esse processo de respeito, que passa primeiro pelo reconhecimento das pessoas que moram no Tururu, a mídia passou a valorizar mais a comunidade, que passou a fazer parte constantemente do roteiro da grande mídia, valorizando o espaço, as pessoas e tudo que é produzido de significativo e transformador, no último um ano e meio, são incontáveis os números de matérias e reportagens que passam a verdadeira realidade do nosso bairro. E é assim que pretende-se que continue, com respeito e direito de mostrar o outro lado da moeda acima de tudo. Respeito é bom e o povo todo gosta.


Coletivo Força Tururu
Além desse blog as principais ferramentas de mídias sociais do CFT são:

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