NÃO SE VÊ MAIS BICHOS COMO ANTIGAMENTE
Por André Fidelis, integrante do Coletivo Força Tururu
Minha memória afetiva, quando criança, no Tururu, me remete a pés de cajueiro espalhados pela comunidade, uma mata belíssima, um pisado descalço na grama, no chão, por muitas vezes uma areia que sujava nossos pés e quando íamos tomar banho a sujeira tomava conta do banheiro, não tinha nada de concreto, de cimento, era só terra e barro.
Lembro-me de correr atrás de diversos calangos coloridos, de múltiplas cores, da “formiga oncinha”, que cada ferroada sua, era uma queimadura sem fim, dos diversos tipos de borboletas que cruzavam os nossos caminhos, indicando que ali a fauna e a flora estavam equilibradas; das betas vovôs que pescávamos, com sua delicadeza abrindo as nadadeiras belas quando se confrontavam com outra da mesma espécie.
Pouco mais de 30 anos se passaram e o verde vem diminuindo acentuadamente, não só no Tururu, mas em diversos outros locais. Os bichos citados acima, já não fazem parte do local ou são vistos raramente. Tudo virou concreto, o tempo mudou! Lembro-me quando era criança, não ser difícil, termos um dia escolhido para dormir sem ventilador, dava pra aguentar o calor não era tão intenso! Nos dias de hoje, o ventilador ou o ar condicionado, são itens indispensáveis neste forno de vida em que vivemos, o ar é quente, racha, queima, esgota os pulmões, desidrata rápido.
Voltar como era antes, talvez seja uma tarefa quase impossível, mas dá para mudar esta situação na qual nos encontramos hoje, onde nem o bicho-de-pé (sic), tão comum nos meus tempos de criança, não existe mais, os dedos não coçam, muitas crianças hoje em dia nem sabe o que é isso. Ao menos pra isso, as mudanças climáticas, o desmatamento das florestas, serviram (entenda-se a ironia aqui).
As tanajuras fartas em sua época de reprodução estão cada vez mais raras, tudo está sendo esgotado. A humanidade está fazendo todos os esforços para acabar com ela mesma, o problema é que, a sofrerem com as mudanças climáticas são as populações periféricas, pretas e pobres. Adeus o verde! Adeus os bichinhos da floresta!
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