DE BIKE DO TURURU AO CENTRO DO RECIFE

* imagem retirada da internet

Todo mundo sabe e não é segredo para ninguém que pegar ônibus do bairro do Janga (Paulista-PE) ao centro da cidade do Recife é algo bem complicado. As pessoas enfrentam dezenas de engarrafamentos, os transportes lotados até o teto e um calor insuportável. A vida do trabalhador e da trabalhadora é dura! Passa parte do dia nesses coletivos e nesse trânsito caótico da região metropolitana do Recife.

Deixando o ônibus para lá e optando-se por veículos ecológicos, como a bicicleta, a missão se torna bem arriscada. Então... Abaixo segue a narração muito massa de alguém que usa a bicicleta como meio de transporte todos os dias para ir e voltar do trabalho. Ele sai do Tururu e vai ao centro do Recife de bike, bem mais rápido e livre do que o ônibus, mas nem tudo são doces, saca só o que ele tem pra nos dizer.

Cara, deixei de ir trabalhar de ônibus porque não aguentava mais passar duas horas para chega no trampo. Já super estressado. O dia já começava pesado para mim.  Um dia me libertei, ajeitei a minha bike que tava encostada e decidi ganhar as estradas de perigosas da região metropolitana do Recife e ter uma qualidade de vida bem melhor.
Tudo começa quando eu saio da comunidade, a Av. Nossa Senhora Aparecida, apesar de ser relativamente jovem já está meio ´acabadinha´, com muitas falhas. Quando a gente pega a Cláudio Gueiros Leite, a principal do Janga é um Deus nos acuda! Carros na contra mão, acostamento que ninguém respeita, mas sigo pedalando na suavidade, sentindo a maresia do mar que bate no meu corpo e na minha bicicleta.
Vou seguindo pelo acostamento que já não é algo fácil. Na ponte do Janga é uma batalha que se trabalha, o tempo todo buzinas, carros parados, um calor de rachar na cabeça das pessoas, o povo logo cedo já tá arretado. Eu vou seguindo, desviando dos carros e eles de mim. Passou a ponte desço para ir pela Beira Mar de Olinda. A visão é massa apesar da praia que está sem o devido cuidado, vejo aquelas casas e prédios enormes e penso quando essa realidade boa chegará a todo mundo (sic).
Chego na ciclovia da orla de Olinda, deveria ser um espaço que me “abrigasse” como ciclista, mas é um pouco difícil, sem fiscalização, torna-se espaço também para as cinquentinhas e muitos carros estacionam de forma errada, deixando parte atravessados sob as ciclovias e quando era para eu ter uma viagem mais tranquila por aqui, sigo me desviando de obstáculos perigosos.
O que me conforta na Orla é ver todo aquele povo se exercitando de manhã, feliz, os cachorrinhos passeando com suas línguas de fora e também muitos outros ciclistas bhother´s! Tem coisa melhor?! Tem não, boy.
Passando essa parte “mais tranquila” chega o Carmo (em Olinda). Preciso pegar uma contramãozinha, porque ir do lado que segue o fluxo dos carros para chegar ao Varadouro é super perigoso, naqueles espaços estreitos pela intermediação do Colégio São Bento, o primeiro problema que tiver os carros se jogam pra cima de mim, seria o prato feito do dia, tô fora. Nessa contramão que eu pego que é pequena, me saindo por trás da praça do Jacaré já vou dar no Varadouro e sigo direto para pegar uma super contramão pós-Varadouro, no Memorial. É contrafluxo, pouco carro, mesmo assim rola uns perigos. Penso que pra mim seja melhor assim, apesar de “errado”, porque a outra opção é seguir o fluxo passando pelo viaduto, ai compadre, a essa hora da manhã é pedir pra morrer, ninguém vai me respeitar não, deixa eu por aqui mesmo.
Passando por esse desafio, pego direto no fluxo do carro, dessa vez coretinho, seguindo pela Cruz Cabugá, passando pelo shopping, vice-governadoria, 13 de maio, descendo para o centro do Recife. Falando assim parece tranquilo, mas não é nada. Carros, mais carros, engarrafamentos, buzinas, gente estressada, gritos, briga, vixe! É de você querer voltar pra casa. Só que tô de bike, todo dia é uma paisagem nova que vejo melhor, é um estresse a menos, é um exercício novo. E onde trabalho ainda rola uma oportunidade de tomar um banho.
Cheguei. Mais tarde quando largar tem a viagem de volta, é punk mas nós gosta! Dá-lhe quente!

Ai a gente pergunta pra você? Tem coisa melhor do que ir trabalhar de bike? Os governos ao invés de propor a melhoria da mobilidade a partir do transporte coletivo insistem em organizar as vias para transportes mais individualizados como os carros, de que forma tudo vai melhorar? Se faz estradas novas, essas estradas logo engarrafam, se faz ciclovia, melhora no transporte público e garante que as pessoas cheguem bem nas suas casas e trabalhos, tudo tende ser melhor. Bicicleta é vida! Transporte público de qualidade é vida.


Coletivo Força Tururu

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