ENTREVISTA: Os objetivos do Coletivo Força Tururu


Sempre no blog procuramos entrevistar pessoas para debater sobre alguma temática de relevância social, também é prática fazermos uma auto entrevista, cujo objetivo é trazer mais elementos sobre o trabalho do Coletivo para construção de um mundo melhor.
Neste sentido o entrevistado da vez é André Fidelis, 33 anos, pedagogo, educomunicador e integrante do Coletivo Força Tururu. Que vai abordar o trabalho que o CFT desenvolve a as nossas perspectivas.
Coletivo Tururu: Para qual finalidade surgiu o Coletivo Força Tururu?
André Fidelis: Sempre foi prática nossa nos inquietamos, tudo aquilo que nos incomodava, daí tô falando em sobre sofrimento social, era transformado em ação, ou seja, se tinha muito lixo na comunidade o que poderíamos fazer para que aquele lixo não existisse mais? Se há muita violência no bairro, como podemos agir para pôr fim à violência? Se estigmatizam a nossa comunidade, como podemos criar instrumentos para que isso diminua? Essa nossa inquietação fez com que surgisse o Coletivo Força Tururu e o CFT surge para isso, para agir sobre as inquietações, sobretudo as que geram dor em muita gente.
Coletivo Tururu: Quais os principais obstáculos que vocês foram enfrentados no surgimento do CFT até aqui?
André Fidelis: Não sei se meus companheiros e minhas companheiras de Coletivo concordam, mas na minha opinião foram/são dois: o primeiro é manter os indivíduos no grupo, que por diversos motivos saíram e entraram, ocorreu uma rotatividade, que é normal, mas ela tem que vir para ocupar o espaço que o outro deixou porque se sentiu contemplado e é hora que outros tomem a dianteira do processo, mas não pode ser isso de forma aleatória. O segundo obstáculo é tríplice e se refere ao quantitativo de gente, que sempre foi pouco pra muita coisa, ao tempo, porque temos muitas responsabilidade e a dinheiro, pois os recursos financeiros sempre foram escassos para o quantitativo de responsabilidades que acabamos tendo em 9 anos de atividade.



Coletivo Tururu: E quais foram as maiores alegrias?
André Fidelis: Caramba (risos) foram tantas! Ganhamos dois prêmios nacionais, conhecemos tanta gente, visitamos tantos lugares, recebemos tanto carinho do povo, reconhecimento... É difícil escolher uma ou duas ou três, porque de verdade, são muitas as alegrias.
Coletivo Tururu: Quando você percebeu que o Coletivo Força Tururu iria dar certo?
André Fidelis: Primeiro é bom dizer que estamos em constante formação, acho que estamos começando agora a atuar firmemente na sociedade.  Eu tive a primeira sensação que isso que fazemos daria certo quando foi elaborado o primeiro documentário, em 2009, que fala do que de bom tem no Tururu. Cara... Aquilo pra gente foi uma ação muito linda, depois do documentário pronto conseguimos reunir na comunidade um tantão de gente pra apresentar ele, foi lindo mesmo.
Coletivo Tururu: E o que você mais gosta de fazer no Coletivo Tururu?
André Fidelis: Acredito que foi uma ideia massa a gente trabalhar a comunicação popular e comunitária, pois podemos adentrar em um campo vasto e mexer com o imaginário das pessoas, a ativá-las mesmo, mas o que eu gosto muito de fazer é reunir com a companheirada depois que a gente termina um trabalho e dizer o quanto foi sofrido pra fazer o quanto de positividade recebemos.
Coletivo Tururu: Quais as principais atividades ao longo desses anos que foram desenvolvidas pelo Coletivo Tururu na sua opinião?
André Fidelis: Na minha visão foram duas. A primeira a ideia que Neto e Cidi (dois integrantes do Coletivo) tiveram de realizar um curso de fotocomunicação. Os caras elaboraram um currículo, articularam jovens, começaram um processo teórico e prático semanal, durante seis meses e esse povo que foi sendo formado neste curso, alguns deles começaram a entrar e a participar do CFT. Sem falar que as culminâncias que saiam do curso eram as mais lindas possíveis: fotorreportagens, exposição de fotografias e por ai vai. A segunda é a Campanha “Eu não quero ser o próximo” que traz um debate sobre a violência e o extermínio da juventude, sobretudo da juventude negra.  Ganhamos uma “musculatura” fantástica com esta campanha, nossas ações começaram a chegar em um monte de gente que nem esperávamos, à instituições também, como: Universidades e Escolas.



Coletivo Tururu: Você como integrante do CFT desde a fundação já pensou em desistir?
André Fidelis: Não, nunca. Ao contrário já pensei em levar essa ideia para mais lugares para que mais gente se aproprie do tanto de coisa legal que estamos fazendo e construam ações melhores, tanto é que a gente investe muito em divulgação e dá muito amor no que fazemos, construindo ideias novas, fazendo com que as pessoas se inspirem e movam-se a lutar por um mundo melhor.
Coletivo Tururu: E se ocorrerem falhas?
André Fidelis: Bom... Falhas são normais, mas temos muito medo sim de falharmos, ainda mais quando enxergamos que devido o nosso poder de comunicação que criamos, tanta gente passou a ver o Coletivo Tururu como referência, aí se a gente falha, cometemos o risco de decepcionar e decepcionando... Não sei o que dizer mesmo só penso  nas consequências que deverão ser drásticas.
Coletivo Tururu: Quais são os planos para o futuro?
André Fidelis: Os planos da gente para o futuro eu só posso dizer quando isso for exaustivamente dialogado com meus companheiros e companheiras de Coletivo, a certeza é que a gente sabe o que não quer.  É verdade que estamos com muitas ideias, mas precisamos elaborar um planejamento estratégico, para elaborar nossos objetivos, sondar como estamos e criar instrumentos de monitoramento, falta mais essa organização nossa, mas estamos ligados que precisamos fazer isso.
Coletivo Tururu: Deixa um recado para as pessoas que irão ler esta entrevista.
André Fidelis: O recado que eu deixo é que sejamos agentes multiplicadores de um mundo melhor, de um mundo justo.  Não podemos só reclamar, reclamar e não fazermos nada. Há que agir para mudar. É isso.




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