NOTA DO COLETIVO TURURU SOBRE A PRESENÇA DA FORÇA NACIONAL NA CIDADE DO PAULISTA




  Chegaram em Paulista-PE, 100 homens da Força de Segurança Nacional, a cidade foi contemplada com o projeto do Ministério da Justiça e Segurança Pública, é o programa “Em frente, Brasil”. Dentre as linhas do programa está a prevenção do combate ao crime, policiamento ostensivo e um processo de ação integrada.
  O medo é algo muito forte e presente na sociedade. Para quem morou ou mora em comunidades, vivemos desde pequenos em situações de violações de direitos, onde falta tudo e pouco há de investimentos e políticas por parte dos governos, com isso há um aumento da criminalidade e todas as consequências que derivam dela.
Quem anda pelas ruas da cidade, com certeza, já viu os policiais da Força Nacional e perguntas precisam ser feitas:
1)    Por que não ocorreu o debate com a população sobre este programa?
2)    As ações só ocorrerão nas comunidades pobres ou terá uma em igual dimensão nos condomínios, casas e apartamentos da classe média/rica?
3)    A proposta é incidir mais uma vez de forma truculenta na política de combate a drogas que já vitimou milhares de jovens pretos das comunidades e que aumenta absurdamente o encarceramento?
4)    Haverá mais espaços para debate e contribuições da população mesmo com o programa já em vigência?
  Acompanhamos um ação da polícia na comunidade do Tururu neste último dia 02 de setembro, nas imediações da Avenida Floresta, próximo a Escola São José, por volta das 21h e a abordagem se deu como sempre é de costume: atrás de um perfil estereotipado que eles entendem como marginal (jovem, preto, morador de comunidade) buscando drogas com lanternas em todas as brechas possíveis do muro da escola e da calçada onde as pessoas estavam. Se na sua essência o objetivo do programa é o controle de corpos, já começa mal.
  O Coletivo Força Tururu entende que o trabalho de prevenção, articulado à inteligência no enfrentamento à criminalidade deve se dar primeiramente pelo respeito às comunidades, no diálogo permanente com a população, redefinindo a política de combate às drogas (que é fracassada e só marginaliza) e sempre abrindo espaço para denúncias caso ocorram violações de direitos.
  Nos prontificamos a fiscalizar todo este processo e a denunciar se for necessário para garantir o respeito à população. Não aceitaremos truculência, violações e que se contribua com o processo de marginalização comunitária.
  Não fugiremos à luta do debate e nem da conscientização comunitária e pedimos que os moradores e a população de forma geral não aceitem tudo passivamente sem um debate mais aprofundado, pois os mesmos que enviaram a Força Nacional à cidade podem usar como argumento o medo que estamos dessa sociedade que por muitas vezes se torna perigosa, mas que é a que temos e precisamos enfrentar a violência coletivamente e cultivar uma cultura de paz.

Coletivo Força Tururu

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