QUAL A PREOCUPAÇÃO HOJE?





Nós, do Coletivo Força Tururu, estamos acompanhando projetos que interferem diretamente na educação brasileira, desde a educação básica, até a educação superior. Hoje, no Brasil, há uma tendência conservadora na conjuntura política. Os reflexos disso acabam resvalando na sociedade. Discursos de ódio e discriminatórios são legitimados por autoridades do executivo. A preocupação das casas parlamentares não está mais voltada para a assistência e o funcionamento escolar. Demandas consideradas menos importantes estão sendo o foco das ações. Carga horária do professor, alimentação, condição de aula e de trabalho dos docentes tornaram-se secundários. As energias têm sido depositadas com contingenciamento dos gastos para manutenção das Universidades públicas, funcionalidade e mudanças substanciais do currículo sem consulta prévia, controle comportamental dos estudantes e professores, além da prática pedagógica.
A educação, por essência, é libertária. Fez parte de processos históricos e sociais que fundamentaram a sociedade brasileira. Após anos de conquistas, hoje, a educação é pública e gratuita. Um direito conquistado para os brasileiros e o povo latino-americano. Conquista básica para anos de restrições e explorações coloniais. O cidadão ou cidadã têm o direito de escolha. As raízes históricas, nos coloca em situações de colonização do pensamento. A mentalidade escravocrata, ainda enraizada na cabeça de quem comanda, e que paralelamente liga suas ações políticas as ideias religiosas, compromete os direitos conquistados e garantidos por meio constitucional. Aparentemente, as pessoas no poder acostumaram-se a transformar vontades próprias em política pública, tornando enfraquecida o poder das políticas, as quais teriam o objetivo garantir o funcionamento do Estado, não do governo vigente.
Seja “enrijecer” o ensino ou “proibir” manifestações culturais, consideramos, quanto atores sociais da comunidade, um ato de boçalidade. Boçalidade do mal, como diria Eliane Brum. É satisfazer suas próprias vontades, manter o status quo, além retirar o foco para reais problemas da educação básica. Voltemos aos conceitos e veremos que há uma construção histórica do que é cultura. A separação em erudita ou popular é de responsabilidade das construções sociais. Dependendo da condição de cada indivíduo, do lugar que ocupa na sociedade desigual na qual estamos inseridos, não há como escutar Bach ou Bethowen.

Fica claro que há um incômodo, de parte da estrutura social, que chegou em muitos lugares, dos mais longínquos que possam parecer, nos grandes arranha-céus, as produções vindas dos morros, das comunidades “à margem” da urbanização. Ouviram as batidas de Shevchenko e Elloco, viram os corpos de pessoas negras balançando, causando estranheza. Destacamos também que estamos constantemente conscientizando jovens que tais produções fazem parte de estruturas alimentadas pelo patriarcado e pelo machismo estrutural da nossa sociedade, discussão que não cabe nesse texto. Portanto, façamos uma breve reflexão sobre de onde viemos e o que podemos fazer. A proposta para estrutura educacional seria a implementação de estímulo à musicalidade, ao ritmo ou à dança pernambucana. Conhecer faz parte do processo. Proibir é um ato de maldade e boçalidade. Privar o indivíduo do conhecimento é um ato de egoísmo. Privar seres humanos da liberdade é, no mínimo, ignorância.


Texto de Jairo Fernandes
Integrante do Coletivo Força Tururu

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