18 Anos de minha filha Luana

 


18 Anos de minha filha Luana

* Por André Fidelis

A memória viva na minha mente, lembro como se fosse hoje: recebo a notícia de que seria pai seguindo para a sala de embarque no aeroporto de Recife, no ano de 2004, à noite, com 20 anos de idade.

            Dentro do avião não paro de pensar como seria daquele momento para frente: o futuro, as responsabilidades, a vida... O “desnorteamento” foi tanto que ao descer em Curitiba (PR) me dou conta que estou sem minha carteira, sem documentos, sem dinheiro.  Perdera tudo dentro do avião nas idas e vindas das turbulências que me eram apresentadas durante a viagem.

            Estava indo à Assembleia Nacional da PJB, representar a Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) da qual fazia parte. Durante o encontro conversando com uma amiga sobre o fato que me foi apresentado, cabisbaixo, ainda sem acreditar digo a ela que se eu morresse não teria nada para deixar de herança à minha filha (até então não sabia que viria a ter uma filha), minha amiga em poucos segundos refletindo o que eu acabara de dizer, me indagou, de forma rápida e ríspida: E o seu caráter? A sua contribuição por um mundo melhor? Do jeito que você ama a vida, não contam como herança? Desde então carrego isso todos os dias comigo.



            Mas eu não queria falar de mim, mas sim, da minha filha, que hoje, 24 de março de 2023 completa 18 anos de idade e tudo isso se traduz na minha cabeça como vários longas metragens, de filmes, de páginas de livros, que continuarão a ser produzidos e lidos.  Era para seu nome ter sido Luanda, mas depois de uma negociação profunda (risos), ficou Luana mesmo, hoje ela me diz que acha mais bonito assim, como ficou: simples, curto e alegre.

            Minha filha conhecendo o mundo das festas, das amizades, do amor, me faz ver que ela não é mais pequenina, é uma flor desabrochada para o mundo, que ri, que brinca, que se torna responsável a cada dia e que vive, intensamente a vida, da maneira dela, a cada descoberta do mundo por segundo.  Óbvio que eu não sou um pai chato, que aspira medo a ela, ao contrário, porque não sou eu quem digo isso, é ela, de que sempre estou aqui para ouvir, para dar conselhos, ensinar e aprender. Mas eu não quero falar sobre mim, é sobre ela.



            Nesses 18 anos de idade, à minha filha, uma nova etapa se apresenta, de dezenas outras que irão se apresentar, que te trarão desafios, dores, alegrias, preocupações, responsabilidades, sensibilidades e caminhada.  Que seu coração sempre desperte para as injustiças do mundo, não tolere o racismo, respeite sempre o povo e a natureza nas suas pluralidades e também nas suas individualidades e nas particularidades que cabe a cada pessoa que você vai saber distinguir as atitudes que são boas e que são más.

            Não deixe nenhum tipo de preconceito assolar a sua mente, liberte-se das correntes da insensibilidade, que te levará ao isolamento e ao amargo da vida! Caminhe sempre nas estradas da coletividade, que são veredas por muitas vezes difíceis de andar, mas que te trazem um alívio ao coração, pois te lança às águas mais profundas do amor, da justiça e da empatia!

            Nunca se esqueça dos seus sonhos, batalhe para conquista-los, não tenha medo de pedir ajuda, de dizer que não sabe fazer, mas que tem disposição para aprender.  Ande de ônibus, circule pela cidade, encontre lugares, pessoas novas, cantos que nunca conheceu, leia livros, assista séries, invente coisas, sorria, chore, grite quando achar que tá difícil! Tudo isso faz parte desse mundo.  Lembre sempre das conversas mais fortes que tivemos, quando nossos laços de pai e filha se estreitaram ainda mais.

            Hoje, você completa seus 18 anos, mas quem recebe o presente somos nós, que convivemos e vivemos contigo. Um parabéns do tamanho do seu caráter, minha filha, e que Deus e todas as divindades e encantados te abracem nesta vida, te amo.

 

* André Fidelis pai de Luana e Guilherme, pedagogo, integrante do Coletivo Força Tururu e coordenador pedagógico da OSC Grupo AdoleScER.

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