ENTREVISTA COM BIINO, QUE SOBREVIVE ATRAVÉS DO QUE A MATA LHE DÁ


 

A reserva florestal do Janga (em Paulista – PE), possui uma área de 132,24 hectares e foi titulada em 1987, através da Lei nº 9.989 como Reserva Ecológica. Parte dela fica localizada no Tururu e precisa ser preservada, cuidada e os moradores têm um papel fundamental neste processo que é de respeito à natureza e a tudo que existe nela.

Muitos dos animais que existiam quase não se vê mais, como: espécies de formigas, borboletas, lagartos, crustáceos e peixes. A flora também tem sido bastante prejudicada, a mata era rica em árvores frutíferas, como ingás, maçarandubas, araçás, cajueiros e, hoje em dia, há escassez de produção de frutos, ou não existe ou são poucos.

As mudanças climáticas tem um fator determinante nisso, com o aumento da temperatura, o desrespeito da humanidade ao meio ambiente, o mundo está mudando e a primeira a sofrer com isso é a natureza, que vem dando graves e importantes respostas, como essas citadas acima.

Ocupações têm surgido na mata e o grande desafio é fazer o alinhamento respeitoso entre as pessoas que precisam da moradia como direito fundamental à vida e em contraponto o cuidar da natureza, preservar. E políticas devem ser fortalecidas em torno disso, mas também um forte trabalho de educação ambiental.

Foi com essa intenção que entrevistamos Seu Severino Pedro Paulo da Silva, mais conhecido como Biino, que tem 61 anos e há 35 anos mora na comunidade, ele tira grande parte do seu sustento da mata.

 


Coletivo Tururu: Qual a importância da Mata para você?

Seu Biino: Eu trabalho pegando caranguejo há 20 anos e ela é muito importante, porque é dela que tiramos muitas coisas e eu tenho notado muita diferença nos últimos anos, principalmente o desmatamento, “a turma” está fazendo aterros para fazer terrenos e estão acabando com o lugar do caranguejo.

Inclusive os frutos das árvores não dão como antigamente. Eram frequentes cajus, mangas... E hoje é muito pouco, caiu 80% mais ou menos.

 

Coletivo Tururu: Como é a sua rotina trabalhando na mata?

Seu Biino: Me acordo de manhã, eu vou pra mata às 6h da manhã, passo o dia todo na mata e retorno só às 18h, pegando caranguejo. E a mata dá muitas coisas e o mais importante são as frutas, crustáceos, peixes... Se um dia ela deixar de existir a gente vai ficar sem local para trabalhar, não é?

 

Coletivo Tururu: E sobre o desmatamento?

Seu Biino: O que está acabando mais com a mata são os desmatamentos e como eu falei antes, aterrando o lugar da água, do rio, os canais. E isso prejudica a tudo.

 

Coletivo Tururu: Qual o teu maior sonho?

Seu Biino: Sair dessa mata, conseguir alguma coisa melhor, essa rotina está muito longa, há 20 anos para lá e para cá, pesada, todo dia é a mesma coisa.

 

Apesar de todo sustento de Seu Biino vir da mata, a escassez da sua principal fonte de renda tem prejudicado a sua vida a ponto dele não querer mais estar em um local que garantiu o sustento de sua família. E o mesmo ocorre com outras diversas pessoas que trabalham em função da mata, da reserva do Janga, na comunidade do Tururu, se ela acabar um efeito em cadeia ocorre, que prejudicará o meio ambiente, a economia e a vida de muita gente.




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