ELE ERA MEU FILHO, UM VÍDEO DE VIDA
Apesar de garantias
constitucionais, ter vez e voz no nosso país é para poucos. O Coletivo Força Tururu está desde meados de
2016 promovendo a campanha “Eu não quero ser o próximo”, que tem o objetivo de debater
sobre o extermínio da juventude, sobretudo da juventude negra. A campanha
aborda ações pontuais e sistemáticas com a finalidade de ativar pessoas para
que elas se articulem em rede a fim de construir possibilidades de reduzir a
violência.
Dentre uma das ações que estão
inseridas na campanha é o vídeo documentário “Ele era meu filho” que trará a
versão de mães e pais que tiveram seus filhos exterminados pelo crime e por
este sistema brutal que mata milhares de jovens negros, pobres e moradores de
favela em todo nosso Brasil. O vídeo tem
como objetivo principal dar a vez e voz aos que tem pouca oportunidade de
falar, sobretudo nas mídias, na imprensa. Eles vão contar a versão que sabem de
seus filhos, a relação que tinham com eles e que muitas vezes é omitida quando
se é apresentada naquelas reportagens sem nexos dos programas policialescos,
que mostram esses jovens negros assassinados como causa de um problema e não
como consequência. Muitas vezes a única
versão que esses programas possuem é o da polícia e para eles já bastam, não há
investigação jornalística, aprofundamento do debate nem análise de situação
social. O que importa é o sensacionalismo que isso causa os números do ibope
que alavancam.
O Documentário “Ele era meu
filho” é mais do que um simples vídeo, é a possibilidade de retratação a essas
famílias, que além da perda de seus filhos, acumulam na sua mente a desonesta
notícia que é veiculada acerca de seus assassinatos. Não bastasse a vida cruel
levar seus entes mais preciosos, ainda são marginalizados por concessões de
rádio e TV que sem dó nem piedade, agravam ainda mais o abismo social que há
entre os poucos que tiveram oportunidades na vida e a imensa maioria das
pessoas que desde o momento que nascem sofrem com graves problemas sociais e o abandono
do estado promovido pela desigual distribuição de renda do nosso país.
O Coletivo Força Tururu está
em fase de conclusão das filmagens e edição do vídeo, a pretensão é que ele
esteja completo ao final de setembro/2017 e seja uma fonte de debate para se
discutir o papel da mídia nas reportagens policiais; os graves problemas
sociais em que as pessoas estão submetidas e acima de tudo como cada um de nós
pode ser instrumento da mudança.
A luta do Coletivo Força Tururu
está ligada à redução da violência comunitária e na ativação de pessoas. A
transformação social de verdade ela só ocorre quando as pessoas todas tiverem
consciência da sua situação de classe e que são as verdadeiras detentoras do
poder. Aproveitamos para agradecer a
todas pessoas envolvidas nesta ação e todas as possibilidades que estão sendo
construídas em torno da campanha “Eu não quero ser o próximo”. Vamos seguindo,
porque viver é preciso.
Por André Fidelis
Integrante do Coletivo Força Tururu
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