ENTREVISTA COM FERNANDO, ATIVISTA DO MOVIMENTO SALVE MARIA FARINHA
Os
problemas com o meio ambiente é mundial, com a destruição de florestas, o
derretimento das calotas polares, consequentemente o aumento do efeito estufa e
tudo isso gera o aquecimento global que têm causado muitos danos à natureza. Em
Paulista, cidade da região metropolitana do Recife, o grande número de matas
derrubadas para a construção de condomínios, indústrias e até igrejas tem
acendido o sinal vermelho na população, que tem se preocupado com a situação no
município.
Para
ir de encontro a esses problemas, em 2020 surge o Movimento Salve Maria
Farinha. Um grupo de amigos ativistas se reuniu para denunciar os problemas
ambientais costeiros que ocorre no município. O movimento vem ampliando e
tomando proporções enormes. Eles lutam por políticas públicas, contra o avanço
da especulação imobiliária e por uma cidade que não agrida a natureza.
A
entrevista desta vez é com Fernando Enrique, que tem 30 anos, graduado em
Administração, membro do movimento, um admirador e ativista das causas
ambientais que há dois anos decidiu ter um novo estilo de vida pautados nas
questões que se referem à proteção da natureza.
Coletivo Tururu: O que é o movimento
Salve Maria Farinha?
Fernando: O
movimento Salve Maria Farinha foi idealizado há dois anos. Porém só foi colocado
em prática em setembro de 2020. O movimento surgiu devido a essa escolha em ter
novos hábitos. Antes disso eu era administrador de um grupo médico no norte do
Paraná e levava uma vida confortável, porém muito estressante e cai na real que
aquela não era minha luta.
Como
sou adepto do ócio criativo eu queria fazer algo que fosse mais a minha cara.
Que viesse de dentro. Foi quando decidi jogar tudo pro alto e voltar pra
Pernambuco e levar uma nova vida E foi assim que o movimento foi criado. Sendo
algo dentro da minha rotina e que eu gosto de fazer. Estar na praia e curtir a
natureza são a minha rotina. E junto a isso observava os problemas que tinham
em sua volta.
Decidi
criar o salve Maria Faria pra expor problemas relacionados ao litoral pelo fato
de Maria Farinha ainda ter praias. Quando fui morar no sul, Pau Amarelo (praia
da cidade de Paulista) existia praia. Passei minha infância e adolescência nas
praias daqui.
E
daí quando voltei não tinha mais praias E como tio de sobrinhos eu quero que
eles tenham praia e boas memórias como as que eu tive no passado. Foi quando criei de fato a página e passei a
publicar os vídeos Não imaginava que ia repercutir tão rapidamente.
Coletivo Tururu: E quais as principais
pautas do Movimento Salve Maria Farinha?
Fernando: A
defesa do meio ambiente natural é nosso pilar central da página, porém pra
defender o meio ambiente é preciso de um longo caminho é preciso chegar na população
de forma geral, porque essas causas ambientais incomodam pessoas de posses.
Então
decidi chegar às pessoas identificando as causas, problemas pequenos presentes
nas rotinas de todos que não eram percebidos, para a partir daí chegar nos
efeitos através da educação ambiental.
Procuramos
na página utilizar uma linguagem acessível para as pessoas terem acesso a
educação ambiental na prática
Coletivo Tururu: E você acha que a
mensagem que você quer passar está chegando ao povo?
Fernando: Acho
que sim, pelo próprio crescimento que a página tem apresentado. Falta muita
coisa ainda, porque como te disse é um longo caminho e não se dispõe de
recursos.
Para
algo desse tamanho impõe limitações, mas devagarinho estamos cumprindo nossos
objetivos que é movimentar a sociedade civil em defesa do meio natural
pressionando os entes responsáveis a cumprir seu papel como demanda a
legislação.
Coletivo Tururu: Quais são seus planos
pra ampliar a voz de vocês no Salve Maria Farinha?
Fernando:
Estamos
em desenvolvimento de projetos ambientais de fomento misto. Há muitas verbas
destinadas ao meio ambiente, mas não existem bons projetos. E estamos correndo
pra isso
Dessa
forma vamos ter uma atuação mais efetiva e amplificada em nossa cidade
Coletivo Tururu: Quais próximos passos
pretendem dar?
Fernando: Resolutividade
ao problema do lixo e da acessibilidade nas praias e defesa e regulamentação do
patrimônio natural da cidade. Há muitos
pontos sendo explorados turisticamente sem que haja uma regulamentação como no
caso das piscinas naturais cheias de barcos motorizados pondo fim aos corais
ali existentes.
Existem
legislações que defendem esses pontos e estamos vendo com o executivo da cidade
maneiras de atuar regulamentando essas ações de exploração turística
Coletivo Tururu: O Salve Maria Farinha
está ligado a algum político?
Fernando: Não
Coletivo Tururu: Quando vocês publicam
vídeos denúncias, principalmente sobre a degradação do meio ambiente como a
morte de tartarugas ou construções mal feitas, acha que isso gera algum impacto contra o poder
público, de maneira que eles podem se sensibilizar e rever algumas posturas que
causam isso?
Fernando: Na
verdade expomos que tudo isso tem acontecido por falta de gestão. Isso é
obrigação deles como demanda a própria Lei Orgânica do Município.
Eles
no mínimo têm que se envergonhar e buscar corrigir. Não estamos pedindo nada no
momento, além do que demanda a própria lei orgânica da cidade: defender o
patrimônio natural, cuidar das avenidas, da limpeza urbana, está e três as
obrigações da cidade para com o povo.
Mostramos
que isso é o básico e não está funcionando e que precisa funcionar, pois foi
feito pra funcionar e funciona em muitas outras cidades. Elegemos eles pra
isso, pra que eles trabalhem e desenvolva cada vez mais o município de forma
sustentável, preservando a natureza.
Coletivo Tururu: Qual o vídeo que você
gravou e denunciou que gerou mais impacto quando fez
Fernando: A
morte das tartarugas foram vídeos que repercutiram muito rápido, mas os vídeos
dos tratores fazendo o muro do Bahamas (condomínio localizado na cidade)
bateram todos os recordes. Foi compartilhado pelo Brasil inteiro, até a Karina
Buhr, Vários movimentos ambientais compartilharam.
O
ato de denunciar acho que muitas vezes é encarado com medo por boa parte das
pessoas. Ainda mais quando se fala de denúncias em classes mais elevadas. A
sociedade fica com medo da represaria, porque temos um histórico bastante triste,
mas eu enfrentei esse medo e expus a situação ali da praia quase que ao vivo
Coletivo Tururu: Deixa um recado final
para as pessoas que vão ler essa sua entrevista
Fernando: A
vida não é difícil, ela é involuntária. A vida se torna difícil quando deixamos
de ser humanos e passamos a viver como consumidores. Aprendi que tudo que
consumimos tem um preço e que temos que trabalhar pra pagar por esse preço.
Cada um escolhe o tanto de tempo que quer dedicar ao tanto de coisas que queira
ter. Eu escolhi não mais viver trabalhando pra ter coisas, por que no meu mundo
menos é mais.
Eu
escolhi viver sendo a diferença que quero no mundo e lutar pela natureza tem
sido atividade principal. Dessa forma eu não perco o meu tempo, eu uso ele pra
ser essa diferença e espalhar esperança.
O
que posso dizer as pessoas é que elas vivam pelo que acreditam e que pra tudo
tem um tempo o que não pode é desacreditar. A tartaruga pode até andar devagar,
mas ela vive bem mais que animais mais velozes.
Eliane
ResponderExcluirMuito obrigado ao coletivo por dar visibilidade ao nosso movimento. A matéria ficou fantástica. Vocês aí do coletivo tururu também fazem um importante trabalho pra nossa sociedade nessas construções, nessas pontes todos só tem a ganhar.
ResponderExcluirO Salve Maria Farinha é esperança em Paulista. Estamos cansadas da omissão do poder público. Sigamos firmes!!!
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