ENTREVISTA: Ser um Ativista Político (Alberto Pires)




Alberto Magalhães Pires, é o nosso entrevistado. 25 anos, bacharel em Direito, Pós graduando em Direito Social e Políticas Públicas, ativista dos Direitos Humanos, uma figura de luta que está sempre na luta. Atendeu ao nosso pedido para entrevistá-lo aqui, no nosso blog, e atendeu prontamente.

Coletivo Tururu: Sabemos que você é um ativista e um atuante na luta por direitos, mas fala pra gente qual seu campo de atuação nos direitos humanos?


Alberto Pires: acreditando que a luta é por direitos, e por direitos humanos, que envolvam pessoas e sua integralidade. Então luto pela protagonismo da juventude, pelo fim do genocídio do povo negro, pelo desencarceramento, pela socioeducação de qualidade, pelo fim da violência contra as mulheres, pelo direito a cidade, pelo direito de existência das pessoas LGBTTI (Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intesexos).


Coletivo Tururu: E quando nasceu em você essa vontade de ser um militante, um defensor dos direitos humanos?


Alberto Pires: Faço parte de algumas organizações não governamentais e que fazem incidência, atendimentos, formações com a questão dos direitos humanos, compreendendo o ser humano e sua totalidade de direitos: Cores do Amanhã, Salve Sertão, GAJOP, GESTOS e a FASE.
Estudei em um colégio religioso que trabalhou muito em mim esse amor para com o próximo: doações em enchentes, visitas a abrigos, sempre ia e me sentia muito feliz. Na época da faculdade tive a oportunidade de juntamente com o professor Guido Cavalcanti e outros colegas de turma, fazer uma festa em prol dos nossos irmãos sertanejos, nasceu o “Salve Sertão”. As instituições pelas quais passei, me ensinaram a cada dia ser um ser humano melhor... Não sei te dizer com propriedade quando nasceu esse sentimento em mim, mas só sei te dizer que é amor em demasia. Fazer o bem sem olhar a quem!


Coletivo Tururu: Você acredita que a gente está vivendo em uma avalanche de conservadorismos e até de atos fascistas na sociedade?


Alberto Pires: Sim. Infelizmente! Aonde pessoas julgam, matam, oprimem, silenciam, deslegitimam as pessoas LGBTTI baseando-se no fundamentalismo e conservadorismo religioso.
Aonde o povo negro é a todo instante morto ou encarcerado, principalmente por um Estado que legitima isso, dando gratificações para a polícia em prol dessas ações.
Aonde o homem hetero pensa que tem propriedade sobre o corpo da mulher, machismo esse que mata fisicamente e psicologicamente a todo instante.


Coletivo Tururu: Diante disso, o que falta para um mundo com mais respeito às pluralidades?


Alberto Pires: Precisamos ser mais críticos quanto as pessoas que vamos eleger;
Precisamos estar presentes em espaços de controle social;
Precisamos de educação continuada sobre a questão da diversidade sexual, sobre as diversas religiões, principalmente africana; precisamos criar políticas públicas e que elas sejam executadas com eficiência.
Então, fiscalizar e denunciar é um papel que nos cabe também, como cidadãos.
E criar um rede mais firme entre as organizações que lutam, articulam, em prol do direitos humanos.


Coletivo Tururu: O que mais te incomoda dentre todos esses problemas?


Alberto Pires: É achar que alguém pode fazer o que quiser com a vida de outra pessoa, principalmente as pessoas LGBTTI que são mortas pelo simples fato de existirem, de serem como são, por se relacionarem com pessoas do mesmo sexo, por se relacionar afetivamente/sexualmente por ambos os sexos, como também se comportarem e interagirem diferentemente do sexo biológico.
E o que me assusta mais é usar dessa LGBTTIfobia fundamentada pela religião, destilar ódio em nome de Deus. Onde Ele é amor a todo instante! É contraditório demais! Ainda sim, se for pecado, quem são eles pra julgarem, sabe? Existe uma escala de pecado maior ou menor? Acredito que não! Todos e todas são pecadores.


Coletivo Tururu: Como você tem visto o papel da mídia? Como você acha que ela age nesta questão dos Direitos Humanos?


Alberto Pires: A mídia, a comunicação é o quarto poder. Porque ela pode acabar com uma nação, ao legitimar o golpe! Como também, pode ser um meio de levantar debates, trazer informações como o caso do homem transexual em uma novela, em horário nobre, onde a família tradicional brasileira heteronormativa estavam assistindo.  Apesar de ter cometido alguns erros, abordou algo super importante.
O índice de suicídio de pessoas LGBTTI é muito alto, em especial nos homens trans. Emprego  para as pessoas transexuis é muito dificil, mesmo bem qualificados para tal função. Restando a prostituição como fonte de sobrevivência.. não podemos deixar que isso aconteça! Que as pessoas trans tenham a oportunidade de escolherem qual profissão querem exercer, não terem apenas a prostituição como profissão.

Então trazer a diversidade, a realidade, a existência da pluralidade pra esses espaço é super importante.

Assim como, representar o povo negro em outras áreas de atuação. Não apenas e exclusivamente como doméstica, garçom, porteiro... estamos em todos os espaços e lugares, inclusive o de poder(mesmo que poucos, infelizmente).


Coletivo Tururu: Como acha que as pessoas devem reagir a falta de respeito a nossos direitos?


Alberto Pires: Denunciando quem comete homofobia, racismo, violência doméstica... é desgastante, às vezes quem deveria te defender é o primeiro a te humilhar, mas faz-se necessário, hoje pode ser eu, mas amanhã quem será?
Se sofre por parte de funcionários públicos, denunciar na ouvidoria do órgão competente e no Ministério Público.


Coletivo Tururu: Deixe um recado a todas as pessoas que desrespeitam as outras e também um recado para os nossos leitores que constróem sempre um mundo melhor.


Alberto Pires: Queria agradecer por terem se interessado a ler sobre a entrevista. Que saiam da inércia, do conforto, pois em tempos de golpe precisamos a cada dia de pessoas dispostas a lutarem pela igualdade, respeito e direitos. Existem pessoas e instituições que são comprometidas com a justiça social. Chegue junto!


Que nada nos silencie!
Que nada nos retroceda!
Que nada nos esconda!
Que nada nos limite!
Que nada nos objetifique!
Que nada nos desmotive!
Que nada nos desumaniza!
Que nada nos demonize!
Que nada nos patologize!
Não a LGBTTIfobia;
Não a redução da maioridade penal;
Não ao aumento do tempo de internação;
Não ao genocídio do povo negro;
Encarceramento em massa não é  justiça!

O Coletivo Força Tururu Agradece demais o carinho e o tempo que nos deu Alberto, Abraço e que continuemos a construir um mundo sem violência, livre de toda falta de respeito. Abraço.

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